sexta-feira, 14 de junho de 2013

Cadeia do Amor

Festa junina é uma das tradições mais bacanas do nosso país, tanto pela comida quanto pelas danças e brincadeiras. Confirmei isso ao observar o brilho nos olhos dos estrangeiros que estão na minha faculdade. Um deles me perguntou, em uma das vezes em que fui preso na cadeia do amor, com um sotaque engraçado: "Como funciona isso?" Eu expliquei que você tinha que beijar alguém para sair ou pagar, e ele comentou "Que loucura!"

Ele acabou beijando uma garota que também estava presa, e eu fiquei sozinho na cadeia do amor. Em três das cinco vezes em que fui preso, ninguém apareceu para me tirar de lá. Provavelmente era alguém fazendo alguma brincadeira, mas me fez pensar: não é o que acontece o tempo todo, na vida de todo mundo? Alguém te prende e então te deixa lá sozinho, esperando para ser salvo? Você pode passar horas, dias, meses esperando que alguém te tire de uma prisão que ele mesmo te colocou, e no final ninguém aparece. Você tem que pagar para sair o dobro do que pagaram para te prender. O seu prejuízo é maior do que o de quem pagou muito barato para te colocar lá dentro e não deu as caras depois.

De todas as pessoas que foram presas comigo, havia apenas uma que eu gostaria que me salvasse da prisão mental em que ele mesmo me colocou. Mas eu sabia que isso não iria acontecer. Sabia que ele não estava lá por mim, e ele acabou pagando para sair. Ofereceu para me ajudar a sair, pagando para mim também, mas eu recusei. Quem me colocou ali que aparecesse para me salvar. E então eu percebi: às vezes ninguém vai aparecer, às vezes quem você acha que vai te salvar sai antes disso, e de certa forma, na maioria das vezes, você tem que salvar você mesmo, e tirar de si para sair de algo que, para quem te colocou lá por todo esse tempo, foi apenas uma brincadeira.

Nenhum comentário:

Visitas