domingo, 20 de fevereiro de 2011

Maneira

Acho que encontrei uma maneira de seguir.
Não é fácil, mas é eficiente. Consiste em fingir que hoje não é hoje, que se passaram dois anos.
Consiste em mentir que se passaram vários revéillons.
Mudei o tempo ao meu redor pra mudar o tempo dentro de mim.
Como se eu estivesse em outra vida, em outro lugar.
Uma equação de erros e acertos. Equação de primeiro grau, simples, sem nada ao quadrado. Só erros + acertos + tempo. O resultado é zero.
Não estou aqui.
Feliz 2013.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Metades

Respira fundo, respira e olha para todas as coisas que você pensou que estivessem inteiras.
Elas não estão, afinal.
Tudo é metade. Meio-beijo, meio-sonho, meio-amor, meio-tempo.
Claro que você vai correr quando elas começarem a cair, mas respira fundo, respira e tenta segurar elas com as suas mãos, com seus punhos, com todas as suas forças e não corra enquanto não sentir o ar parar de entrar pela sua respiração.
Senta num canto, senta e medita, e acalma essa tempestade dentro do seu coração, abaixa essa maré da sua alma e respira fundo, respira e depois tenta com força, tenta se levantar e construir todas as outras metades, manter a paciência inteira, refazer o que está faltando.
E então, segue em frente, segue.
E me conta tudo depois.

Abismo #2

Eu estava caminhando em direção à minha vida quando você apareceu, de camiseta vermelha e um brilho nos olhos. Eu sabia que acabaríamos assim, desde o começo. Sabia que sentiríamos esse gosto.
Você se aproximou, me deu as mãos e então caminhamos, mas eu não percebi que estávamos voltando para a beirada do abismo.
Aquele abismo, que eu havia deixado há um bom tempo, aqueles pássaros negros que haviam adormecido de vez, as risadas lá embaixo que cessaram. Agora estávamos perto dele de novo, ouvíamos o silêncio, você gostava de estar comigo, eu gostava de estar com você e a gente achou que isso bastasse, mas não bastou, isso foi apenas no começo.
Depois o brilho nos seus olhos desapareceram, sua respiração se tornou pesada e eu não sabia o que fazer, nem você.
Procuramos por salvação, por uma maneira de consertar as coisas. E como não encontramos, nós pulamos.
O ar percorreu nossos corpos, entrando em nossas roupas fazendo com que inflassem, nós não falamos nada, apenas nos deixamos cair, sem se preocupar para onde nossas almas estavam indo.
Eu sabia que acabaríamos assim, desde o começo.
Sabia que sentiríamos esse gosto.
De terra.
De sangue.
De fim.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Janeiro já acabou

Por quê? eu perguntava e não encontrava a resposta.
O tempo leva embora as coisas que a gente ama e a gente só fica sentado, olhando o tempo levar, olhando tudo desabar na nossa frente, tudo aquilo que a gente acreditava ser real e concreto, tudo que a gente depositou um pouquinho de fé, e a gente chora tanto que parece que os olhos nunca mais vão conseguir enxergar direito.
Eu pedi tanto, pedi tanto pra qualquer deus ou pra qualquer alma boa que estivesse passando por perto, e no final das contas não tinha ninguém lá ouvindo, foi sempre eu e meu cochicho, foi sempre eu e minha esperança burra, foi sempre eu e tudo que eu tinha a perder e acabei perdendo de uma maneira ou de outra.
Tem hora que eu acho que eu não vou conseguir, que vai tudo começar a cair, meus cabelos, meus braços, meus dentes, meus olhos, minhas lágrimas e meu sangue, e que eu vou simplesmente desabar no chão, mas ninguém virá varrer meus cacos, eu vou ficar lá só, olhando o tempo levar tudo o que resta.
Por quê?
Mas não existe resposta.

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