domingo, 21 de junho de 2009

Sobre o tempo

Enquanto você se senta no canto da sua nostalgia, há um relógio tiquetaqueando, ecoando na grande e vazia sala da vida.
Há uma sombra ao seu lado, segurando seus pulsos com tanta força que você não consegue sentir, te puxando daquele canto frio e imundo. O tempo.
Enquanto você respira fundo e se pergunta o que fazer, há um tempo se acabando do lado de fora das suas preocupações. Há segundos intermináveis em palavras que não foram ditas, há horas quebradas nas suas desistências, há um grito de socorro congelado em sua garganta enquanto você perde o seu precioso tempo.
Você provavelmente não saberá como agir quando não houver mais escolhas. Você não terá mais escolhas quando não houver mais tempo.
E mesmo que você se deite, feche os olhos e reze suas preces com muita força, o tempo não vai voltar.
O tempo é algo engraçado para quem sabe embarcar em suas ondas - altas e ferozes. É um assassino cruel para quem não consegue decifrar sua importância.
O tempo passa. E você passa junto. Quando ele acabar, você vai acabar também. Ele não vai voltar. Você também não.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cena

A luz se acendeu no palco da minha vida e você estrelou o papel principal. Eu era o cenário na minha própria história, a que eu escrevi para nós dois. Você não me viu ali.
No roteiro, seríamos felizes. Eu seria sua exceção, você seria minha última esperança. Mas eu vi as cenas caírem no chão como folhas secas quando a mocinha entrou em cena. Ela estava em seus braços. Ela era seu melhor hábito, o que você nasceu para seguir à risca, sem improviso, sem exceção. O foco estava em vocês dois. O cenário ficou sem luz.
Suas falas eram lindas e sua voz era doce como o vento sussurrando entre flores. Mas não eram para mim.
No final, o príncipe e a princesa viveram felizes para sempre. O cenário se apagou. As cortinas se fecharam.
Ninguém aplaudiu.

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