sexta-feira, 29 de maio de 2009

Inalcançável

"Se eu fechar meus olhos e pedir com muita força, quando eu abrí-los, você estará aqui do meu lado?"

Tem sido difícil e eu não sei por como começar. Tão pouco tempo e eu me vejo querendo tanto algo que está tão fora de alcance.
Você não vai olhar pra mim e eu sei que todas essas cenas que ficam rodando na minha cabeça são partes de um filme que eu mesmo inventei, mas que nunca será gravado de verdade.
Talvez essas palavras não façam sentido e eu não consiga colocar em palavras o que está me incomodando dentro de mim, até porque eu não sei o nome disso. Mas tudo que eu queria era não sentir vontade de chorar quando lembro do seu nome, e que meus olhos não varressem multidões em busca do seu rosto, ou que eu não passasse os dias me perguntando se você, de alguma maneira, pensa em mim antes de se deitar.
Porque eu sei que você não pensa, que quando eu ouço seu nome ele está sendo pronunciado por outra pessoa e que por mais que eu varra o mundo procurando seu rosto, ele vai me machucar cada vez que eu me atrever a olhar para ele, como pedaços de vidro quando são esmagados contra sua pele, ardendo e queimando qualquer vestígio de bem estar em seu sangue.
Então eu começo a entender que, mesmo que eu feche meus olhos e peça com muita força para que você esteja do meu lado algum dia, você não vai estar. E que se eu adormecer profundamente durante vários dias, quando eu abrir os olhos, você vai continuar sendo esse sonho idiota e inalcançável que, apesar de saber disso tudo, eu continuo sonhando cada segundo dos meus dias.
E isso está me sufocando e me matando aos poucos.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Escuro

Eu abri os olhos, mas não sabia onde estava. Havia uma água negra e densa como petróleo, na qual eu estava afundando. Não sabia ao certo onde ficava a superfície e sentia apenas a pressão.
Mas não fiz o menor esforço para sair de lá. Apenas deixei a gravidade agir em meu corpo, me puxando para o fundo, mesmo que meu corpo implorasse por um pouco de oxigênio.
Tentei fazer uma lista sobre o que me prendia acordado, ou vivo, mas não encontrei nenhum ítem que pudesse preenchê-la. Me sentia cansado, e era confortável estar ali, submerso no escuro, onde ninguém conseguia me ver e eu também não conseguia ver ninguém. Me lembrei das vezes em que eu quis correr sem parar, para qualquer direção, só pela sensação de estar indo cada vez mais longe e mais rápido. Então percebi que não precisava fazer tanto esforço. Eu estava indo para bem longe - e eu não sabia quão longe - e eu não precisei correr. Era mais fácil, mais lento e eu estava satisfeito por não saber onde ficava a superfície caso meus instintos naturais me obrigassem a nadar para cima.
Então eu vi uma luz refletida na água negra e percebi que eu não estava afundando, mas subindo. A gravidade estava agindo contra minha vontade e por mais que eu batesse os braços e as pernas para baixo, continuei subindo.
Quando cheguei à superfície, a luz se intensificou e eu acordei, me perguntando se vale a pena encontrar alguma superfície iluminada, ou se é melhor me deixar afundar nessa água negra e densa da minha vida, onde ninguém consegue me ver e eu não consigo ver ninguém.

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