sábado, 24 de outubro de 2009

Sépia

São poucas horas em um mundo estranho e você é o Sol do meu sistema quebrado. Você está no centro e colore meu planeta com um tom sépia. Você seria o veneno doce que eu beberia até a última gota, mesmo sabendo que me mata cada vez que meu coração pulsa quando ouve seu nome em conversas aleatórias, e eu estou disposto a tentar pela última vez.
Estou apostando todos os meus minutos preciosos, toda a sanidade que você me roubou, todos os riscos de um desmoronamento mental, mas eu preciso de você nem que isso me custe caro.
Você desenha com lápis de cor sépia na minha memória e eu não te dei esse direito. Você me afunda em flores secas e eu acho que eu posso suportar por você. Mesmo que minha voz falhe quando pronuncio seu nome, mesmo que minha visão fique turva quando sinto seu cheiro, mesmo que meu coração pare de bater quando você vai embora, eu posso suportar por você.
E eu estou agora preso em um quarto cor-de-mundo-que-se-acabou enquanto você brinca no seu jardim de confusão e olha para minha janela como uma criança indefesa pedindo ajuda. E o pior de tudo isso é que eu estou disposto a te dar a mão e te pedir perdão caso eu te deixe escorregar.
Só te peço para me ouvir com cuidado. Há palavras que eu não posso dizer claramente pois não foram inventadas e você precisará destilá-las como o álcool que perfuma seu timbre e que me embriaga de longe. Não se vá como o pôr-do-sol sépia, pois de todas as loucuras que eu já disse, essa parece ser a mais intensa e também a mais verdadeira: preciso de você, ainda que isso me custe a vida.

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