segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Abismo #2

Eu estava caminhando em direção à minha vida quando você apareceu, de camiseta vermelha e um brilho nos olhos. Eu sabia que acabaríamos assim, desde o começo. Sabia que sentiríamos esse gosto.
Você se aproximou, me deu as mãos e então caminhamos, mas eu não percebi que estávamos voltando para a beirada do abismo.
Aquele abismo, que eu havia deixado há um bom tempo, aqueles pássaros negros que haviam adormecido de vez, as risadas lá embaixo que cessaram. Agora estávamos perto dele de novo, ouvíamos o silêncio, você gostava de estar comigo, eu gostava de estar com você e a gente achou que isso bastasse, mas não bastou, isso foi apenas no começo.
Depois o brilho nos seus olhos desapareceram, sua respiração se tornou pesada e eu não sabia o que fazer, nem você.
Procuramos por salvação, por uma maneira de consertar as coisas. E como não encontramos, nós pulamos.
O ar percorreu nossos corpos, entrando em nossas roupas fazendo com que inflassem, nós não falamos nada, apenas nos deixamos cair, sem se preocupar para onde nossas almas estavam indo.
Eu sabia que acabaríamos assim, desde o começo.
Sabia que sentiríamos esse gosto.
De terra.
De sangue.
De fim.

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