Mas às vezes queremos mudar isso. Damos saltos maiores do que podemos alcançar, no intuito de encontrar alguma forma de alimentar nossos dias que não esteja presa na superfície terrestre. Não gostamos da textura do chão, da realidade: fria e dura. Pulamos. Do alto dos edifícios mais altos, dos desejos mais improváveis, dos impulsos mais irresistíveis. Esticamos nossos pés, abandonamos o chão. Em um segundo estamos fora dele.

Mas, e quando o vôo começa a se transformar em queda? E isso é inevitável. Querendo ou não, em algum momento seremos puxados de volta para a superfície, para o concreto, para o que é real. Não importa o quanto estar nas nuvens seja bom, nós não fomos criados para estar nelas. Invariavelmente caímos, de frente com o solo. Não existe pára-quedas na vida, e a queda é livre. Isso dói. Quebra nossos ossos, arranha nossa pele, sobrecarrega nosso cérebro com sinais elétricos. Ficamos imóveis por vários dias, até tudo o que existia antes se recompor.
No entanto, algumas coisas são perdidas com as quedas, e não podemos substituí-las. Será uma cicatriz, uma sequela que estará sempre ali para nos lembrar dos perigos de estar fora do chão. E alguns de nós não conseguem se recuperar nunca.
Então sonhe. Não tenha medo de querer tocar o Sol. Nossos sonhos não podem ser puxados pela gravidade. Mas não se esqueça de tirar seus sapatos, sentir o chão grudado em seus pés e agradecê-lo por estar ali.
2 comentários:
Me emocionou,só. E isto é profundo.
As vezes oque chamamos de sequelas são cicatrizes que ficam para lembrar uma faze da vida, assim como tatuagens que distribuimos em nosso corpo para comemorar algo ou jamais esquecermos de um acontecimento... bom mesmo é viver intensamente com os pés no chão e a cabeça nas nuvens
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