terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Abelha

Fevereiro sempre chega pra mim trazendo um pouquinho de esperança, assim como uma abelha que sempre tem um pouquinho de pólen amarelo-vivo preso em suas perninhas. Depois da transição dos primeiros dias do ano, a nostalgia deixa meus dedos e eu posso começar de novo. É sempre assim. Sempre em fevereiro. Sempre no carnaval.

E já faz alguns carnavais que eu tenho aprendido a deixar a banda tocar. Não adianta fugir de certas verdades ou fingir que existe mais algo a ser dito depois de ter ouvido tanta, tanta coisa ruim. Comecei o ano me livrando de algumas coisas que não me faziam mais bem e de outras que nunca mais seriam as mesmas. Não prestar primeiros-socorros a feridos é omissão de socorro. Mas uma vez que o coração para de bater, não adianta tentar reanimá-lo por muito tempo: algumas coisas não têm conserto, não têm volta, não foram feitas para durar para sempre.

Depois de se encontrar e encontrar aquilo que falta em você mesmo, depois de levantar do tombo causado pelo espanto, depois de resistir à maçã mais venenosa do paraíso e de aprender a deixar as coisas irem embora, vem o sol e também as asas. A tempestade passou, afinal. Vem fevereiro, a esperança. Vem o carnaval, o amarelo e as outras cores e os recomeços - todos nós precisamos de recomeços.

Nenhuma abelha fica pra sempre no mesmo campo. É hora de voar e levar sol amarelo-pólen para outras flores. Não faz sentido insistir em procurar vida em um jardim que deixou de ter vida há muito tempo.

"Esqueça o que dissemos
Antes que fiquemos velhos demais.
Mostre-me um jardim que esteja explodindo em vida."
(Snow Patrol - Chasing Cars)

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