sábado, 11 de fevereiro de 2012

O último dia da sua vida


O tempo todo morrem pessoas no mundo. É um fato. Se não fosse assim, não haveria espaço e recursos para tanta gente viva. A natureza então determina isso: precisamos morrer, mais cedo ou mais tarde.

Não sou perito em estatística, mas poderia supor quase com certeza que a maioria das pessoas que morrem, morrem inesperadamente, de uma hora para a outra. Estão em seus carros em uma viagem de férias tão esperada. Estão caminhando pelas ruas até a padaria mais próxima. Assistem a algum filme no cinema. E antes mesmo que possam evitar, sofrem acidentes de trânsito, são assaltadas ou enfartam. Em alguns minutos, todos os planos, as pendências e os sentidos se foram.

Isso sempre fez com que pensássemos a respeito: e se a minha vida acabar hoje? E se eu não tiver tempo de fazer tudo que eu quero? Viva hoje como se fosse o último dia, é o que dizem por aí. Não concordo que isso seja tão fácil na prática.

Tudo na vida exige tempo. Não somos seres instantâneos, não podemos resolver todas as nossas pendências em vinte e quatro horas. A maioria delas precisa de tempo e calma. Se todo mundo levasse esse ditado ao pé da letra, provavelmente hoje realmente seria o último dia de muita gente: a vida acontece dia após dia, e a pressa seria no mínimo fatal.

Mas a verdade é que a ideia de partir e deixar algumas coisas pendentes nos assusta. Um "me desculpa" que você não disse. Uma declaração de amor que você adiou. Uma visita que você não faz à sua avó há algum tempo. Uma carta que você ainda não mandou. Um beijo que você nunca pediu. Uma ligação que você não fez. Um emprego que você não mandou para o inferno. Um DVD que você ainda não devolveu à locadora. E se eu morrer hoje e deixar todas essas pendências? Será que eu vou conseguir descansar em paz?

Precisamos de espaço para deixar as coisas acontecerem. Claro, não faço uma apologia à inércia. Mas a maioria das coisas precisa de tempo e espaço para se desenrolar. Se apressarmos a vida com medo de morrer, se acelerarmos veículos com medo de não dar tempo de chegar, se nos jogarmos de cabeça em tudo porque hoje pode ser o último dia e não dá tempo de pensar bem antes de pular, acabamos anulando os nossos dias e no intuito de resolver pendências, criamos mais e mais. Acabamos não vivendo em paz, com medo de não conseguir descansar.

Ninguém sabe quando vai morrer. Se soubéssemos, seria fácil. Deixaríamos tudo para a última hora. Resolveríamos tudo no último dia. E não aproveitaríamos ele para coisas que realmente valem a pena.

As pendências que deixamos não são por nossa culpa. A maioria delas tem a ver com o medo, e o medo não é algo que possamos controlar. Então aproveite seu tempo vivo. Respeite seus limites e não se cobre (tanto). Ame as pessoas ao seu redor e faça com que elas saibam disso. Divirta-se sempre que puder. Dê prioridade ao que vale a pena. Cuide da sua saúde, dos seus amigos, dos seus animais de estimação, dos seus pais, irmãos e avós.

Viva como se você fosse morrer, mas um dia. Não hoje.

Nenhum comentário:

Visitas