domingo, 5 de maio de 2013

Parque de diversões


O parque de diversões chegou à cidade e eu fui. Fazia tempo que eu não fazia isso - me deixar levar por algo tão grande, ser colocado de cabeça para baixo, gritar tão alto, sentir o coração bater tão forte, ter aquele pensamento que todo mundo tem quando está preso a algo imenso, pendurado a dezenas de metros de altura, sem saber exatamente qual foi o trajeto que o levou até lá: e se isso me matar? E se os fatores que garantem a segurança disso falharem e eu cair de tão alto, e se não for tão seguro quanto parece ser, e se eu tiver que encarar o chão, sentir o peso da gravidade se chocando contra mim? Parecia amor.

Ele foi embora (o amor, não o parque). Levou consigo todas as suas luzes. Fechou da noite para o dia, deixou um terreno vago, empoeirado, com algumas marcas de onde antes estavam suas atrações mais incríveis. Às vezes eu volto ao local onde ele se instalou e ainda consigo ouvir os gritos de alegria, sentir o cheiro da adrenalina, o frio na barriga. Ainda tem nossos passos naquele chão. Eu me lembro da data e do horário de quase todos eles. Mas eu olho em volta e ele não está mais lá. Só restou um vazio no meio de uma cidade tão grande, um buraco a ser preenchido, é quase como se ele nunca tivesse estado lá, se não fossem todas essas marcas, e essas vozes, e esses gritos.

Talvez ele volte um dia e eu possa me sentir feliz de novo. Ou talvez eu encontre outra coisa para preencher o vazio que ficou no lugar dele. Ninguém sabe o que pode acontecer. Eu não sabia que um parque viria à minha cidade tanto quanto nunca imaginei que fosse me apaixonar por aquele cara.

Há sempre um outro parque.
Há sempre um outro amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Texto lindo!
E realmente há sempre um outro parque, um outro amor, uma outra pessoa, um outro alguém que nos fascina e nos tiram do chão.

Você é um fofo!
Parabéns pelo Blog.

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