quarta-feira, 13 de junho de 2012

O Sol de cada um



Se algum dia o Sol explodir, vai demorar oito minutos para que a gente perceba. Este é o tempo que demora para que a luz chegue até nós. É o que diz o filme Tão Forte e Tão Perto. Dentro de oito minutos ainda teremos luz para iluminar nossos olhos; ainda haverá calor para corar nossas faces. Durante esse tempo, ainda haverá uma fonte de vida. Depois, tudo será escuro, frio e sem cor.

Mas o Sol explode o tempo todo, metaforicamente. O Sol particular de cada um de nós. As expectativas que criamos e que iluminam nossos dias, aquecem nossos corações, colocam cor e vida em nossas existências. Os planos que fazemos para o futuro, tão concretos, tão possíveis, minunciosamente traçados. Os amores pelos quais a gente se dedica, se esforça, atravessa rios e trânsitos, porque são tão bons, são tão acolhedores, tão quentes, como um Sol... até que explodem. Demora um tempo. A gente acha que está tudo bem, e de repente fica tudo escuro. De repente faz muito frio. Oito minutos, oito anos, oito segundos. Quanto mais perto você estiver do seu Sol, menor vai ser o tempo para que você perceba que ele não existe mais.

Tudo no Universo funciona equilibrado, mas nem sempre é assim. Às vezes a gravidade se desregula e a gente se desprende do chão, só pra descobrir que ela vai voltar a qualquer momento para nos puxar de volta violentamente. Às vezes nosso peso é várias vezes maior do que o normal porque o coração está afundando dentro do peito. E, voltando ao Sol... às vezes um deslize da natureza, uma fagulha fora do lugar, uma palavra que você colocou de forma errada dentro de uma frase, e o Sol explode. Tudo aquilo que você acreditava ser forte, eterno e seguro se transforma em escuridão. Uma vez que estamos acostumados ao calor, é difícil se adaptar à falta dele. Como explicar para nós mesmos que em tão pouco tempo a gente perdeu algo tão importante e que nem nos demos conta de que o frio estava chegando? Como se acostumar com uma queda tão grande de temperatura? Como sobreviver sem aquilo que faz nossos dias nascerem?

No começo é desesperador. Não há pra onde correr, aquela era sua fonte de luz e de sobrevivência. Se parece com a morte. Mas se a gente respirar fundo e deixar que nossos olhos se adaptem à escuridão, descobriremos que há bilhões de estrelas brilhando, emitindo luz e calor, e que se a gente souber olhar bem cuidadosamente e cultivar a estrela certa, um dia ela poderá se transformar em um Sol lindo, amarelo, vital... e tudo voltará ao seu devido lugar.

Um comentário:

Adna Martins disse...

Não sei o que isto te significa, mas estas tuas palavras era o que eu tanto precisava pra hoje. Muito obrigada!

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