quinta-feira, 15 de julho de 2010

Neblina

Quando você se deita na cama e não consegue ver mais nada no escuro, e o único som é o do seu coração batendo, pelo que ele bate?
Do que você sentirá falta?
Talvez daquele cheiro que corta seu peito por dentro, aperta sua garganta e esquenta seus olhos, mas que mesmo assim você quer continuar sentindo, pois é tão vital quanto o ar - ou mais.
Você se cobrirá até a cabeça porque a solidão te dá frio e se encolherá na cama, buscando algum tipo de calor, ignorando o som da chuva batendo na janela, pedindo para entrar.
O banho quente matinal fará sua pele experimentar uma sensação tão prazerosa quanto ridícula - o arrepio.
O amargo do café nunca contrastou tão bem com o doce do açúcar, assim como o doce do chocolate combina bem com o sabor cítrico do morango.
E você sairá na neblina, tentará fechar o casaco até o pescoço e perceberá que isso não faz cessar o frio, mas não se importa, afinal. O frio não é tão ruim assim, não quando se tem um motivo para estar imerso nele, com o nariz vermelho e os olhos brilhantes.
Beberá uma xícara de chocolate quente e sentirá as veias da sua garganta dilatando com o calor, o sangue correndo das artérias para o coração, e do coração para as artérias, num ciclo infinito e voltará a se perguntar, inconscientemente, enquanto lê alguma notícia sobre balões no jornal, pelo que seu coração bate.
E talvez você encontre a resposta quando o telefone toca, ou quando há no rádio uma canção em especial que te obrigue a parar todos os pensamentos.
Sentirá frio novamente, tentará apertar o casaco novamente e, ao fim, parará de lutar contra esse sentimento, assim como desistirá de fechar o casaco para lutar contra o frio porque, de repente... é amor.

Um comentário:

Danielly Tiepo disse...

Sem palavras...

Perfeito :)

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