quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Let it go


Partes que não são mais nossas vão embora pelo ralo todos os dias. Nossas células morrem e dão lugar a novas. Nossos dentes caem quando somos crianças para que possam nascer outros maiores e mais fortes.

Coisas que um dia fizeram parte de nós deixam de ser nossas o tempo todo, no decorrer de toda uma vida e outras aparecem para preencher espaços que foram criados involuntariamente.

Não adianta querer lutar contra isso. Além de inútil, seria lutar contra a lei da própria natureza: partes nossas têm de ir embora para dar lugar a uma nova versão de nós mesmos, só que mais fortes, mais resistentes, mais aptos a encarar dias diferentes, invernos mais frios, noites mais escuras. Crescemos e no decorrer deste processo abandonamos pedaços de nós mesmos.

É triste, a princípio, o pensamento de ter coisas arrancadas sem a nossa permissão. Elas nos foram dadas e à partir de então começamos a nos acostumar com a ideia de que elas são nossas e de que são instransferíveis e insubstituíveis. fazemos planos com elas e contamos com a sua eternidade sem nos darmos conta de que amanhã elas possam ser apenas doces lembranças.

Mas então descobrimos que existem coisas tão únicas quanto as outras. Nada é igual a nada. Ninguém é igual a ninguém. Um passeio de mãos dadas terá sempre um cheiro diferente dos outros. Beijos têm sabores diferentes e toques são tão singulares quanto nossas impressões digitais. No entanto, sempre existirão pessoas novas e únicas, caminhos inexplorados, beijos com novas texturas e toques com temperaturas diferentes.

Aquilo que perdemos fica marcado em nossas mentes para sempre, assim como tudo aquilo que ganhamos será sempre nosso, por mais que um dia tenha de ir embora. Tomar um banho de chuva para renovar a pele faz bem e a única maneira de não se machucar quando algumas partes de nós precisam ir embora é aceitar que novas composições estão chegando e, enfim, deixá-las ir.

"As brigas que ganhei, nenhum troféu como lembrança pra casa eu levei.
As brigas que perdi, estas sim, eu nunca esqueci, eu nunca esqueci."
(Pato Fu - Perdendo Dentes)

2 comentários:

Adna Martins disse...

Eu disse que voltaria aqui pra te ler
e ver meus olhos te sorrirem com teu aprendizado.

Aconteceu :D

Maria Célia disse...

Oi Bruno
Super bacana seu texto, achei o máximo, super talento com as palavras.
Bjo

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