sábado, 24 de dezembro de 2011

Meia-noite

Eu me lembro quando descobri que Papai Noel não existia. Devia ter por volta de 10 anos de idade. Sempre desconfiei de que fosse apenas uma história e que na verdade eram meus pais que colocavam os presentes debaixo da árvore, então vivia questionando, até que eles acabaram confessando a farsa.

É claro que o Natal nunca mais foi o mesmo. Não havia mais a alegria de acordar no meio da madrugada e descobrir que Papai Noel me visitara. Deixou de existir aquele mistério todo - como é que ele entra aqui se a gente não tem chaminé? Será que dá pra ver ele voando no céu se eu ficar aqui olhando?

Dez anos se passaram. Sou ateu e por isso não vejo o Natal como mais do que uma festa extrema e descaradamente comercial e capitalista. Todo mundo enlouquece no Natal, fica meio esquizofrênico e faz coisas que não costuma fazer durante o resto do ano - solidariedade, união, amor ao próximo só aparecem em dezembro, e olhe lá.

Mas não é disso que eu quero falar. Que as pessoas são hipócritas, não é uma novidade, e isso não se manifesta só no Natal - convivemos com a hipocrisia o tempo todo. Eu quero falar é da magia, do quanto o Natal me fez acreditar que coisas mágicas podem acontecer de vez em quando. Seja com um presente que aparece misteriosamente debaixo da árvore, seja com a cidade que de repente ganha cores e luzes vibrantes. Coisas mágicas acontecem quando é Natal... a minha infância me fez acreditar nisso, e parece que é um pensamento que não irá embora nunca.

Apesar de não acreditar no motivo real da data, o Natal pra mim significa isso: que vale a pena esperar. Que as coisas acontecem quando a gente acredita nelas e que, de vez em quando, questionar tudo faz com que toda a graça, todos os sonhos e toda a magia se percam. Não importa se Papai Noel existe ou não, escreva uma cartinha com um desejo muito grande e acredite nela, que, se você fizer por merecer, esse pedido se tornará realidade. Essa é a verdadeira magia, esse é o verdadeiro espírito natalino, pelo menos para mim. E as magias, sejam reais ou não, na maior parte das vezes só acontecem quando a gente acredita nelas.

Um comentário:

Maria Célia disse...

Oi Bruno
Apesar de já ter passado a data, só agora tô lendo seus textos e achei este incrível.
Concordo com tudo que você escreveu, só numa coisa discordo, não sou ateia, acredito firmemente em Deus e tenho uma religião, a católica.
No restante você tá muito certo, as pessoas são boazinhas, caridosas só em dezembro, aliás, temos a obrigação de ser, e o natal tornou-se uma festa de consumo, comida e bebida em exagero, o real motivo da confraternização deixou há muito de existir.
Boa noite

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