terça-feira, 7 de setembro de 2010

Epílogo

Não existe uma música para descrever isso. Não existe um poema, um livro, uma frase. Não existe uma palavra pra descrever esse vazio. Só existe a sua vida, e a vida das outras pessoas que continua seguindo, como se nada tivesse acontecido, e isso talvez seja engraçado.
Existe a sua vida, da qual você tem que cuidar. Trabalhar, estudar, mesmo quando não há vontade de fazer nada disso.
E é só isso mesmo. Esse silêncio aqui dentro, que grita mais do que qualquer som. as lembranças que não me deixam dormir e o medo. Medo de acordar amanhã cedo e sair pela porta da sala, encarar a vida ali, exatamente como eu deixei ela, me esperando, dizendo "Vamos?"
Medo da vontade de dizer pra vida "Não, não vamos. Hoje eu vou ficar aqui, deitado, sem comer, sem tomar banho, sem falar com ninguém."
E medo do medo, propriamente dito. De quando ele aperta, de quando ele me acorda no meio da noite e me faz sentir como se eu fosse uma criança que acordou com frio e não sabe onde está guardado o cobertor.
Você quer apenas se levantar, tomar as rédeas de volta, mudar tudo, desde o começo. Mas agora... que diferença faz agora? Que diferença faz agora respirar fundo e seguir em frente? O que isso muda, afinal? O que isso traz de volta, o que isso conserta?

Que diferença faz querer pegar o telefone, que diferença faz querer gritar "Não. Não vai embora assim"?
Um dia isso poderia ter feito diferença. Há três semanas atrás, ou há um ano, que seja. Não hoje - hoje é um pouco muito tarde. Um pouco muito tarde para ser alguém diferente, para fazer de uma maneira diferente.

O fim é mesmo triste. Mas, pior do que o fim, é o que vem depois dele. Pior do que o fim, é o epílogo.

Um comentário:

Adna Martins disse...

A diferença que faz, é que você percebeu seu erro, aprendeu e escreveu. E caso isso não tivesse acontecido, quantas perdas mais você teria? A diferença que faz, é que sua experiência reconhecida, te faz agir de maneira diferente. Olha que coisa mais linda, Bruno! Você, eu, eles, temos a chance de nos consertarmos por dentro, e quando começamos a nos arrumar, parece que as doçuras da vida vêm ao nosso encontro. E pra isso, não é tarde.

Possuis uma das coisas mais lindas - e foi mostrada aqui - és capaz de sentir, e este sentir, te faz ser diferente.

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