"Tocar no passado requer cuidado, porque o passado machuca. Porque o passado não é apenas um tempo, uma conjugação verbal, um "eu era", ou "eu estava" ou "eu gostava, amava, acreditava". Não é apenas olhar para o calendário no dia 06 de fevereiro, fazer um círculo em volta da data e dizer Certo, isso aqui é o passado.
[...]

E ele se transformou, sim. [...] E então eu percebi que o chão não ia sumir, que o mundo não ia acabar, que eu não ia morrer. Não, era muito pior do que isso tudo: eu ia sobreviver, com o chão ali pra eu pisar todas as manhãs, com o mundo ali para que eu encarasse girando e mudando e seguindo em frente, com a vida ali para que eu a aceitasse exatamente como ela era, sem Diogo, sem amor, sem amigos, sem esperança, sem vontade, sem sabor, sem luz, sem ar, sem saída. A gente pensa que vai morrer, mas não é tão fácil assim, a vida não deixa tão barato. A vida faz você encarar as consequencias de coisas que você fez, mesmo sem ter a intenção de fazer errado."
*Este é um trecho de algo que escrevi há um ano, no dia 27 de outubro de 2010, mais precisamente às 02:44 da manhã. Estava fuçando nos meus arquivos antigos e achei isso. É claro que não postarei o texto inteiro, além de ser grande tem um significado só pra mim, ninguém vai querer ler as outras baboseiras que estão escritas. Postei apenas este trecho aqui porque fiquei surpreso com como as coisas podem mudar e continuar iguais ao mesmo tempo, passe o tempo que passar.
Claro que não estou me referindo à mesma pessoa, citada no texto. Esse é um passado que eu superei, minha vida está em outra fase agora. Mas é incrível como meus medos são exatamente os mesmos, é incrível como o tempo é algo completamente relativo. Um ano. Pra mim não passou nenhum minuto.