quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Rarefeito

Acordei em um dia frio e meu corpo está congelado. Não sinto meus dedos, nem minhas pernas, tampouco meu coração. Parou de bater hoje, talvez. Acordei de sonhos tristes e me pergunto onde se escondem nossas angústias enquanto dormimos. Onde ficam, à espreita, esperando por uma brecha para invadir nossos dias frios?

É humilhante a maneira como eu quase me curvo e imploro "não me machuque, não me faça mal, não quebre esse coração que te foi entregue, tenha piedade, não me deixe morrer em plena vida". É ridícula a forma como eu choro, me dobrando ao meio, pedindo que alguém me socorra.

Acordei no meu inferno astral e consultei meu horóscopo, até. Acendi um cigarro e me senti tolo. Por que a gente envenena o corpo tentando desintoxicar a alma? Acordei em um dia da cor do desespero.

Acordei em meio ao medo, ao medo de perder um chão postiço, ao medo de sentir frio para sempre, ao medo de nunca mais conseguir dormir, ao medo de sentir meu sangue se esvaindo do meu corpo, mesmo que só de maneira figurada. Afinal, quanto medo pode caber dentro da gente?

Acordei sem oxigênio, num dia rarefeito. Com uma febre de menos três graus celsius.
E me pergunto se acordei, mesmo, ou se é só mais um daqueles pesadelos que eu tenho tido ultimamente.
Me acode. Me acorde de verdade.

4 comentários:

Anônimo disse...

"Por que a gente envenena o corpo tentando desintoxicar a alma?" > genial.

Janielly Lemos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Janielly Lemos disse...

Parabéns,os seus textos trasmitem uma sensibilidade incrivel, percebo que vc escreve com alma.Lindos!

Maria Célia disse...

Olá Bruno
Muito bom seu texto, você escreve super bem.
Bjim

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